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1 érico assis 2 pesquisando novas táticas de protesto ativismo contemporâneo mestrado em ciências da comunicação unisinos/são leopoldo/rs T R A B S B I B L I O
A T I V I S M O
A R Q U I V O S |
março 16, 2006E aí está: a dissertação. Você pode ler tudo. Já com correções apontadas pela banca. Isto significa o fim do blog? Bom, na verdade não sei. Acho que não. Quem sabe isso pode se transformar em outra coisa, aproveitando o que já foi feito. Sugestões? Ah, e eu devia ter colado aqui desde o começo os meus agradecimentos. Aí estão: - Agradeço inicialmente a meus pais, que sempre me apoiaram e estimularam a seguir a carreira que eu escolhesse; posted by erico at 12:50 AM
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março 09, 2006Nota dez. Eu sou bastante convencido, mas não esperava mesmo. A banca fez comentários na linha "isso poderia ter sido desenvolvido, mas não foi indispensável". Até expandiram minhas conclusões, dizendo que eu poderia ir bem mais além com o olhar sobre midiatização que desenvolvi. Ficou a sugestão para um novo projeto de doutorado. Assim que der coloco aqui a versão final em PDF. Dez, cara... posted by erico at 09:32 PM
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março 02, 2006Tá valendo.
posted by erico at 11:54 PM
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fevereiro 22, 2006O que o mundo não necessita neste momento é que o movimento antiglobalização desapareça. Precisamos somente que ele cresça. Esse movimento possui muita energia e muita capacidade de mobilização. O que lhe faltava era um programa coerente para assistência aos pobres mediante a colaboração com eles de uma forma que efetivamente os ajude. Os grupos ativistas que mais estão ajudando a aliviar a pobreza são os que trabalham nas aldeias em lugares como a Índia, a África e a China rurais, a fim de revelar e combater a corrupção e promover a responsabilidade, a transparência, a educação e os direitos de propriedade. Não se pode ajudar os pobres do mundo vestindo-se de tartaruga e atirando uma pedra na vitrina do McDonald's. A ajuda se faz entregando-lhes os instrumentos e as instituições para que eles próprios se ajudem. Pode não ser tão sexy quanto protestar nas ruas de Washington e Gênova e obter a atenção da CNN, mas é muito mais importante. Perguntem a algum habitante de uma aldeia na Índia. Thomas Friedman em O Mundo é Plano, página 365. A única crítica é, como defendo no meu trabalho, os "caras vestidos de tartaruga" chamam atenção para os caras ajudando aldeias na Ásia, e contribuem para o trabalho destes. Sem a presença midiática, o movimento não seria tão grande e tão efetivo. De qualquer forma, o comentário do Friedman é muito bom. posted by erico at 10:30 AM
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fevereiro 01, 2006Defesa marcada! 6 de março, 14h30, PPGCOM da Unisinos. Banca: professora Beatriz Bretas (UFMG) e professor José Luiz Braga (UNISINOS). Além do orientador. NÃO esteja lá, pois eu fico nervoso com muita gente. posted by erico at 05:31 PM
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janeiro 13, 2006Orientador finalmente deu aquele tão sonhado "OK". Agora fazendo revisão e formatação pra terminar. Entrego na terça-feira, daqui a quatro dias. Ainda tem aquelas frescurinhas de final - resumo, abstract, agradecimentos - para escrever. Depois disso, "só" falta a defesa. > Escrevi um resumão da dissertação como artigo para enviar à Compós. Agora eu posso sentar na mesa dos adultos. ;) > Fui selecionado para o doutorado da Unisinos. Mas sem bolsa não vai rolar. > Portanto, estou cuspindo cartas de apresentação e currículo para todas universidades da volta. Se você souber de algum concurso, seja solidário com um quase-mestre quase-desempregado. posted by erico at 11:30 AM
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dezembro 07, 2005O FIM SE APROXIMA. Tudo escrito, até o último parágrafo, revisado e formatado e coisa e tal. Nas mãos do orientador, pra revisão. Duzentas e sessenta e quatro páginas até agora. Dá pra segurar portas e matar ratos. Ratos grandes.
posted by erico at 01:02 PM
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novembro 09, 2005Putz. Mais de dois meses sem dar um pio. - Apresentei meu artigo (link na coluna da esquerda também) na Intercom, no RJ. Bastante tranqüilo. Pela estrutura da apresentação do meu núcleo (Comunicação para a Cidadania), acabei não recebendo muitas perguntas. Mas entrei em contato com gente interessada no trabalho - aos quais, infelizmente, ainda não pude dar retorno. - Depois disso, no início de outubro, estive em Fortaleza a convite do D.A. do curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará, para participar da XVII Semana Acadêmica do curso. O tema era Mídia Radical, e eles acharam interessante eu apresentar minha pesquisa. Novamente, fiz muitos bons contatos. Espero que não tenham se arrependido. - Resolvi fazer a inscrição no doutorado. O que demanda um projeto, no qual enfiei a cabeça por duas semanas. Que não tem nada a ver com ativismo, pois acho que já disse tudo que podia dizer sobre o assunto (ou seja: hora de outra pessoa pegar o tema e desenvolvê-lo). Até agora as críticas (de professores e amigos) estão boas. Torça pela minha seleção. - Enfiado na dissertação, para tentar terminá-la até o fim de novembro. Três capítulos 90% prontos (falta revisão do orientador), o quarto e mais trabalhoso ainda tem que ser encarado. Mas vai dar certo. Não vai? - Sugestão para quem está fazendo qualificação: quebre todos os tópicos do seu trabalhos em quantos capítulos, subcapítulos, subsubcapítulos e subsubsubcapítulos puder. Ajuda a banca a mostrar onde estão os problema dos trabalho, e, mais importante, ajuda você depois a selecionar o que fica e o que sai. É útil. É prático. Não se preocupe com a estética do texto; você não é o James Joyce. E, se você é o James Joyce, pra que está fazendo mestrado? posted by erico at 11:00 AM
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setembro 02, 2005A quem interessar possa, na próxima quinta-feira, dia 8 de setembro, por volta das 11h, vou estar tremendo diante do Núcleo de Pesquisa Comunicação para a Cidadania do Intercom 2005, na UERJ, enquanto apresento o artigo "Os Manuais da Mídia no Ativismo Político Contemporâneo". Quem puder, apareça. Quem não puder, me mande coragem mentalmente. posted by erico at 09:55 AM
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agosto 22, 2005Meu artigo Movimentos em rede: ativismo político e mídias digitas foi publicado na última Ecos Revista (v. 9, n. 1, jan-jun/2005), que acabei de receber. posted by erico at 01:00 PM
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agosto 15, 2005Por coincidência, semana passada encomendei The Rebel Sell: how the counterculture became consumer culture, de Joseph Heath e Andrew Potter. Ontem, a Folha publicou entrevista com Heath, que expõe sua idéia como um soco na cara: a contracultura e a rebeldia não são oposições fortes ao sistema político-econômico capitalista; elas, aliás, fortalecem-no. Criticamos que o capitalismo fosse tratado como a Igreja Católica. Pensava-se que, se tornando um herege, a pessoa seria uma ameaça à igreja, ou que, se tornando um hippie, ou um punk, estava se tornando uma ameaça ao capitalismo. Acho que depois de 40 anos desse tipo de rebeldia, ficou bastante claro que esse tipo de ação não funciona. Ele não é uma ameaça ao sistema. Para nos tranquilizar, logo depois tem duas páginas de David Graeber batendo de frente com Rebel Sell: O trabalho de criar alternativas genuinamente democráticas apropriadas às condições modernas está apenas começando: embora estejam ocorrendo esforços enormes, seja nos "caracoles" de Chiapas, nas "asambleas" e fábricas ocupadas da Argentina, nos conselhos de cidadãos norte-americanos, ocupações e centros sociais da Itália, guetos da África do Sul, ninhos de hackers de computador em toda parte e outras brechas e fissuras na estrutura de poder mundial que provavelmente ainda nem conhecemos. Parece-me que a grande pergunta do dia é se um número significativo de liberais, que afinal acreditam nos princípios de liberdade e igualdade, eventualmente começarão a unir-se a eles ou se continuarão buscando novas garantias de que nada que eles façam realmente possa contribuir para um mundo fundamentalmente melhor. Graeber vai pelo que se poderia chamar de Teoria do João-Bobo: você bate no joão-bobo e ele volta para bater em você; aí você bate com mais força e ele volta com mais força, até você chegar num bom soco que derruba o brinquedo. Derrubar o capitalismo é um trabalho longo e cansativo: você transforma, ele se transforma, você muda, ele muda. Mas há uma definição do que é capitalismo. Se ele passa por mutações sucessivas, de acordo com mudanças na sociedade que ataquem esta definição, ele ainda é capitalismo? posted by erico at 09:35 AM
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agosto 12, 2005Possivelmente uma introdução.
Compreensível? Sintética demais? Loucura? posted by erico at 10:32 AM
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agosto 05, 2005Estou inventando uma linha do tempo pra montar o que entendo que sejam as raízes históricas do "terrorismo poético" ou "protesto lúdico". Na montagem, já está aparecendo uma coisa interessante. Eu sabia que haviam algumas raízes do protesto mais brincalhão, das pranks, na década de 60. Imaginava que eram alguns eventos isolados que construíram a grande presença dos pranksters hoje. Parece que não. Grupos de inspiração situacionista desenvolveram ações irreverentes na Europa (King Mob na Inglaterra) e nos EUA (Up Against the Wall Motherfuckers em Nova Iorque), além do seu próprio foco de formação na França. Tem o Abbie Hoffman e os Yippies nos EUA. Provos na França. No fim da década, já começam as tortadas. Sabia que existiam essas manifestações, mas não tinha visto em conjunto. Agora dá pra pensar que as situações históricas são mais próximas. Há, inclusive, parece, um mesmo percentual das divisões entre grupos (predominantemente do meio estudantil) pranksters e "institucionais/mobilizadores" (students for a democratic society, free speech movement lá; ATTAC, AGP, Dissent hoje). O que mudou, então? - Globalização e atuação em rede. Facilidades de transporte e comunicação internacional. As redes de protesto de hoje são globais, enquanto o máximo de globalização da década de 60 era a Internacional Situacionista, cujas células mal se comunicavam. Grupos agiam dentro do território de um país, no máximo. Hoje as massas de ativistas movem-se para diferentes cidades do mundo dependendo da necessidade (o Abbie Hoffman fala de como foi fantástico reunir estudantes de todo os EUA na convençao do Partido Republicano em Chicago, em 68; o que diria de Seattle ou Praga?). - Terrorismo estudantil. Nas décadas de 60, tínhamos o Weather Underground nos EUA, a gangue Baader-Meinhof na Alemanha e o Action Directe na França (possivelmente outros) pintando a figura da revolta estudantil armada. O máximo que há de violência física atualmente é o Black Bloc, que nunca jogou bombas ou matou alguém. - Mídia e Corporações. O jornalismo foi ganhando velocidade enquanto se acostumava à TV, e ganhou mais aceleração na Internet. Jornalismo e entretenimento se misturaram, e a importância de seu evento gerar imagens "coloridas" é bem mais importante. As regras do jogo entre sociedade e mídia ficam mais claras, levando ao ponto em que se ironiza a própria subversão da mídia (por parte dos ativistas, em favor próprio). Há ironia também na posição que tomaram as corporações, longe dos CEOs sisudos da década de 60 e mais próxima da selvageria, do marketing de guerrilha e da "revolução" como slogan de refrigerante. Abbie Hoffman já falava um pouco, no Revolution for the Hell of It, sobre a importância de atrair e usar a mídia. Mas ele estava só repetindo McLuhan, que leu quando estava chapado ou viajando com LSD. Falava muito sem dizer nada. Entender essa nova relação com a mídia, misturada aos outros elementos acima, tem que ser o foco do meu trabalho. posted by erico at 05:45 PM
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agosto 04, 2005Titulo pretensioso, não? O que eles querem? posted by erico at 05:17 PM
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agosto 03, 2005Finalmente estou disponibilizando meu projeto de qualificação. Está na coluna à esquerda, e você também pode clicar aqui. Alguns comentários que foram feitos pela banca: - Ser mais radical na hipótese: devo tomar a midiatização do ativismo político contemporâneo como um a priori, como uma premissa. Afinal, é algo que se alastra pela sociedade há anos (“não há modo de ser que não o midiático”) e se vê no ativismo ambientalista (Greenpeace) ou feminista (happenings) pelo menos desde a década de 70. A hipótese real com a qual devo trabalhar é a de que o sentido lúdico, jogo-prazer, é o sentido mais ativado na relação do ativismo com as mídias. - Pode-se dizer que há um uso em segundo grau das lógicas midiáticas. O détournement é mais do que um mero acesso às mídias, é estabelecer um jogo com elas. CAPÍTULO1 - Trabalhar melhor o histórico do protesto. Talvez buscar uma tipologia dos novos protestos: demandas antigas (reconhecimento de gênero e raça, demandas trabalhistas) com táticas antigas (greves, passeatas), demandas antigas com táticas novas (pranks), demandas novas (opção sexual, crítica à globalização, crítica à publicidade) com táticas novas. - Comparação entre protesto e artes dramáticas: a relação com alguns grupos é mais do que metafórica, pois eles se envolvem em verdadeiras representações teatrais, ficcionais. CAPÍTULO 2 METODOLOGIA - A seleção de grupos deveria seguir mais um critério de diversidade do que de representatividade. - Ter em mente que as lógicas por definição vão aparecer nos casos. O que eu tenho que fazer é discutir melhor COMO elas aparecem nos casos. Não realizar um uso classificatório (“aparece/não aparece”). É melhor realizar uma discussão do caso, e não de cada lógica – isso seria flexibilidade real. Além disso, contribui para a flexibilidade adotar um método bola-de-neve: o que se aprende com a análise do primeiro caso (novas lógicas) é aplicado, por comparação, no segundo caso, e assim por diante. - Ao invés de buscar instrumentais para análise de fotos e vídeos, buscar mais uma descrição interessada de todo o entorno destes objetos. posted by erico at 09:01 AM
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junho 29, 2005por outro lado, por causa desse talento midiatico e da falta de perspectivas de um trabalho politico a longo prazo na inglaterra, [os ativistas do Reclaim the Streets!] tambem eram pessoas com uma confianca absurda em acoes espetaculares, como se fossem solucoes magicas que substituissem o trabalho de formiguinha diario. e que se viam -- e em grande medida ainda se veem -- como uma especie de 'departamento de marketing' do movimento global: a luta de verdade eh sempre a dos outros e acontece em outra parte (embora esteja, nove em cada dez vezes, relacionada a inglaterra -- vide iraque), mas el@s podem divulgar.Blog de um ativista - aparentemente brasileiro que mora na Inglaterra (ou outro país da Europa) - que vai documentar o protesto contra o G8 em Edinburgh, de hoje até 05/07. Já começou com boas idéias. posted by erico at 09:38 AM
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junho 26, 2005Just doing a hoax is not the total performance. It's not the end of the piece; it's not the finale or the objective. What's more important, and more difficult to do, is to get the media to come back to allow me to say why and what it means. I'll admit that I've hoaxed someone, what the purpose is, what it means and how it happened. It's more difficult to get the media to cover that than to get them to initially fall for it. Joey Skaggs, em entrevista a V. Vale e Andrea Juno (Re/Search #11: Pranks, p. 43). Comparar isso com os Yes Men. O ato deles não se encerra na encenação de uma prank, como se fazer passar por representantes da OMC. Faz parte da performance revelar isso depois e rir junto com o público de como-fizemos-eles-de-idiotas. O prazer, afinal de contas, continua aí, na busca por reconhecimento do ato. Como estamos numa era de proliferação de veículos para comunicar-se com o público... Este livrinho de entrevistas com pranksters está ajudando muito. Tem me enchido de idéias sobre a importância desta "cultura prankster" americana, relacionada ao mundo artístico outsider norte-americano. E que pode ser linkada também com os situacionista, apesar da diferença de idade - o livro retrata a "cena prankster" dos anos 80, e mostra a força que ela teve nos anos 70. Seja como for, bom pra despertar novas idéias. posted by erico at 07:19 PM
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maio 29, 2005Livros novos. :) The Autobiography of Abbie Hoffman e Steal This Book. Um certo dia, na década de 60, Hoffman e seu grupo, os Yippies, sentaram-se em torno do Pentágono, fecharam os olhos e tentaram fazer o prédio flutuar. Era um tipo de crítica à Guerra do Vietnã. Abbie Hoffman é citado por 11 em cada 10 grupos ativistas que eu estudo. Acho que eu devia saber alguma coisa sobre ele. The Cultural Resistance Reader. Uma coletânea exaustiva de textos sobre formas inusitadas de ativismo, agrupadas sobre a rubrica "Resistência Cultural". Começa no século XVII, com os Diggers Activism!: Direct Action, Hacktivism and the Future of Society, Tim Jordan. Não preciso explicar. Rules for Radicals, Saul Allinsky. Outro livro que volta e meia é citado pelos ativistas. É da década de 70. Re/Search: Pranks, V. Vale and Andrea Juno. Revista/livro dos anos 80, traz entrevistas com todo mundo no cruzamento entre ativismo inusitado/arte contestatória/contracultura. Timothy Leary, Jello Biafra, Abbie Hoffman. E ainda tem algumas reflexões mezzo teóricas interessantes. Leitura para o resto do ano, que vou ter que dar conta em um mês. Mas leituras legais, pelo menos. (Obrigado à Criz pelo transporte dos livros!) posted by erico at 10:51 PM
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maio 25, 2005A qualificação foi mais tranqüila do que eu esperava. Bem mais. Eu e o Fabrício apostávamos que todas críticas seriam contra a metodologia, que foi inventada por mim exclusivamente para o trabalho. A banca achou a metodologia interessante, só pediu para eu desenvolver ela um pouco mais. Beleza. Fui criticado de verdade (mas com classe) por meu maniqueísmo na representação do "velho" e do "novo" protesto. Não é o centro do trabalho, já que a discussão não é sociológica nem política. Mas é importante. Vou ter que melhorar bastante para a dissertação. De resto, pediram para eu ser mais ousado. A hipótese de que os grupos ativistas planejam suas ações com vistas à reverberação midiática deveria ser, segunda a banca, um a priori do meu trabalho. Eu deveria criar uma nova hipótese, pensando quais lógicas da mídia são ativadas pelos grupos nessa subversão da mídia. O que faz eu voltar à questão do lúdico, do deboche e do riso. Perfeito. Era disso mesmo que eu queria falar. Daqui uns dias coloco aqui o projeto de qualificação completo. A defesa da dissertação deve acontecer só em fevereiro de 2006. Tem tempo de sobra pra melhorar o texto. posted by erico at 10:27 AM
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maio 18, 2005EXAME DE QUALIFICAÇÃO - MESTRADO posted by erico at 09:42 PM
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maio 03, 2005Os Yes Men atacaram de novo! Quinta-feira passada, em Londres. posted by erico at 11:00 PM
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abril 29, 2005Essa professora da University of Oregon, Audrey Vandeford, tem um artigo excelente sobre o protesto lúdico-artístico. Como ela é da área de literatura, o foco é no ato de protesto enquanto narrativa. Pranks are dramatic folk traditions, comically subversive performances, radical street theater. Political pranks draw on a long history of satire and parody in both performance and literature. Jesters and fools have long used humor to question and ridicule authority; modern-day activists continue to find the practical joke a useful and amusing tactic. O artigo está aqui. Grande achado. Descoberto na minha última leitura divertida, Pie Any Means Necessary: The Biotic Baking Brigade Cookbook, uma coletânea de textos e panfletos sobre tortadas. posted by erico at 09:59 AM
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abril 25, 2005Qualificação marcada: 23 de maio, 14h. Banca: professorJosé Luiz Braga e professora Christa Berger. Cruzem os dedos. posted by erico at 01:23 PM
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março 23, 2005Entrego o projeto de qualificação na semana que vem. Desde janeiro, estou indo e vindo anotando coisas, escrevendo os capítulos, até chegar a uma primeira versão ainda bem incipiente. De fevereiro até aqui estou mexendo nessa versão, e agora devo estar reescrevendo tudo pela terceira vez (ok, não é reescrever tudo - é revisar, adicionar coisas, ver o que realmente fica de aproveitável). Mas essa é pra valer. O nome deve ficar O novo protesto: táticas midiatizadas de manifestação no ativismo político contemporâneo. Finalmente escrevi uma introdução que acho que resolve e resume bem o que é o problema de pesquisa.
Incrível o monte de voltas que eu tive que dar pra chegar a isso, que se parece mais com minha proposta inicial do que os outros trabalhos que fiz ao longo desse ano. Coloco o projeto inteiro aqui assim que qualificar. Se tudo der certo, claro. posted by erico at 03:10 PM
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fevereiro 10, 2005Montei uma lista de websites relacionados a ativismo. Simplesmente fui pulando de link em link e fazendo uma lista. Deu mais de 100, e acho que peguei uns 90% dos mais importantes. O link está ali do lado, em "ATIVISMO". Mas você pode clicar aqui também. A categorização é bastante particular e nada científica. Algo para aprimorar depois. Mas o exercício serviu para ter uma idéia de dimensão e diversidade do movimento ("de movimentos"). Quem quiser ajudar a completar a lista, por favor, manifeste-se. posted by erico at 05:42 PM
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Ô paisinho bizarro que tá virando os EUA. Dê uma olhada na seção de links no final da reportagem. Você não acredita no que lê! O que isso tem a ver com a pesquisa? Não muito. É só pra me lembrar que tenho que ressaltar o de esquerda quando falo em ativismo. Ativismo de extrema-direita - como o da reportagem - também é ativismo. posted by erico at 04:23 PM
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fevereiro 03, 2005Notas do segundo semestre!
Ou seja, tudo "quase lá". Às vezes isso é mais deprimente do que tirar um 6 ou 7. posted by erico at 06:58 PM
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fevereiro 01, 2005Você vai ao protesto contra a reunião do G8, em Edinburgh, entre 6 e 8 de julho? Conhece alguém que vá? Em caso positivo, faça contato: erico arroba pontomidia.com.br posted by erico at 11:54 AM
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janeiro 31, 2005Sr. Orientador sugeriu que eu utilizasse o blog mais freqüentemente. Pode ajudar a ativar as sinapses e fazer eu escrever o texto de qualificação (entrega no final de março, máximo). Ele ainda não começou a arrancar os cabelos, nem os dele nem os meus, mas pode começar a fazer isso logo. Pois então. O que é meu trabalho, nesse momento: Um Mapa De Novas Formas Midiatizadas Do Ativismo Político, que consiste na análise do material midiático de alguns grupos (a princípio, The Yes Men e Mídia Tática), buscando encontrar onde, quando e como eles apropriam-se da linguagem midiática. Pra definir o que é midiatização e linguagem midiática, vou me apoiar principalmente em Adriano Rodrigues (Estrátégias da Comunicação) e Wilson Gomes (Transformações da Política na Era da Comunicação de Massa), misturando os dois pra chegar a boas definições de midiatização/entretenimento/espetáculo. Midiatização, para quem está boiando, é um modelo explicativo (uma teoria) para o processo contemporâneo no qual as instituições sociais sujeitam-se a regras e lógicas das mídias para adquirir legitimidade e circulação. Exemplos: presidentes que tomam decisões de governo no horário certo para aparecer no noticiário noturno; instituições de pesquisa que criam suas próprias revistas, em linguagem popular, para divulgação científica; a publicidade como um todo (pessoas e organizações apresentando e legitimando sua produção). No meu caso, movimentos sociais que adaptam seu discurso, suas estratégias, sua "estética" à lógica da mídia para serem ouvidos. (A raiz dessa coisa toda de midiatização está no Bourdieu e em outros franceses. Vou fazer o leve esforço de ignorar essa gente. Motivo: francofobismo.) Não tenho a menor idéia de como desenvolver uma metodologia, um jeito lógico, justificável e eficiente, de análise da incidência da midiatização no ativismo. Estou aceitando sugestões. Pra começar: alguém me entende? posted by erico at 02:15 PM
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Da matéria Politicians of the Year, na Adbusters: Since Brazilian president Luis Inácio Lula da Silva gets slammed from both left and right, he must be on the correct track. And his foreign policy is particularly bold. He has become the ringleader of a Southern hemispheric bulwark against American and European domination. Parcialmente de acordo com o primeiro parágrafo. Mas de onde diabos eles tiraram os dados do segundo? Não é justamente o inverso? posted by erico at 01:52 PM
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janeiro 10, 2005Leitores atentos do blog devem ter percebido as semanas sem atualização. Foi por quatro boas causas: trabalhos de final de semestre. Fiz um artigo sobre culture jamming para a disciplina de Estudo de Meios. Foi uma desculpa para entrar mais a fundo em ataques a outdoors, subvertising e falar sobre os Yes Men. Mas ficou legal. Os dois trabalhos seguintes foram pesquisas "de campo". O primeiro, para Mídia e Recepção, foi um estudo do perfil de ativistas brasileiros, com base em entrevistas de quatro pessoas - dois participantes do coletivo do CMI de Caxias do Sul, a Tatiana Wells do MídiaTática e o Ricardo Rosas do Rizoma. Não vai servir diretamente à minha dissertação, mas foi muito interessante. O outro trabalho de campo foi para Produção Midiática. A proposta era acompanhar a produção, ou recolher as "pistas de produção", de algo relacionado a mídia. Escolhi apresentar o funcionamento do RTMark. O site acabou saindo do ar a meio caminho do trabalho, o que complicou as coisas... Mas serviu pra pensar coisas novas. Por fim, uma monografia para minha disciplina predileta, Comunicação e Cultura. Proposta: relacionar pelo menos dois conteúdos vistos nas aulas ao tema da dissertação. Depois de semanas passando, acabei fazendo algo ilegível sobre "pós-modernismo e novo ativismo" (pelo menos ficou tão ilegível quanto a maior dos trabalhos sobre pós-modernismo). Não merece ser colocada aqui. Espero que o professor não esteja lendo isso - ou, se estiver, que já tenha dado a nota. posted by erico at 04:01 PM
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novembro 18, 2004"Na melhor das hipóteses, os radicais e os esquerdistas descortinam uma sociedade modificada, com pedaços maiores do bolo para um número maior de clientes. Tornaram-se utilitários, liberais e festivos. O mesmo mercado que era considerado pela esquerda uma forma de exploração é hoje visto por ela como algo racional e humano. A cultura de massa, antes desprezada como outra forma de exploração, é celebrada como algo da esfera da rebelião. Os intelectuais independentes, outrora festejados como homens de coragem, são agora tachados de elitistas. O pluralismo, antes superficial para a esquerda, é hoje adorado como profundo. Estamos assistindo não apenas à derrota da esquerda, mas a sua conversão e talvez inversão." De O Fim da Utopia: política e cultura na era da apatia, Russel Jacoby. Página 26. Provocador o tiozinho, não? Dá pra dizer que ele está falando do Michael Moore, bem como de várias outras coisas mais interessantes pra mim (aproximação entre cultura pop e rebeldia, por exemplo). Mas ainda tô no início do livro. Mais comentários, se necessário, em breve. posted by erico at 10:24 PM
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novembro 14, 2004
Não seria sobre como a indústria de cultura pop se alimenta de imagens e símbolos dos movimentos, mas o contrário: como a cultura pop fomenta esse tipo de rebeldia. Ou, pra virar uma pesquisa: se a cultura pop fomenta essa rebeldia. A primeira barreira seria encontrar pesquisas que me definam o que é cultura pop, como categoria, ou suas linguagens. A segunda seria argumentar como e por que eu entendo que ela não é conformista ou não promove o conformismo. A terceira seria como operacionalizar isso como pesquisa. Levaria a alguma discussão sobre contradições dentro do capitalismo (ou, ainda, se isso é uma contradição) e, no fim, a meu grande projeto científico anti-conspirações. Que vai ficar pro pós-doutorado. posted by erico at 07:47 PM
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novembro 10, 2004Na minha lenta leitura, cheguei num texto fundamental do We Are Everywhere: "Carnival, resistance is the secret of joy", assinado pelo mesmo coletivo responsável pela organização do livro, Notes from Nowhere. O texto simplesmente colocou de forma clara tudo que tem circulado na minha cabeça, em especial linkando com o que li do Bakhtin. Throughout history carnival has been a time for inverting the social order, where the village fool dresses as the king and the king waits on the pauper, where men and women wear each other's clothing and perform each other's roles. This inversion exposes the power structures and illuminates the processes of maintaining hierarchies - seen from a new angle, the foundations of authority are shaken up and flipped around. The unpredictability of carnival with its total subservience to spontaneity, where any individual can shape her environment and transform himself into another being for an hour or a day, ruptures what we perceive to be reality. It creates a new world by subverting all stereotypes, daring imaginations to expand their limits, turning the present world upside down, if only for a moment. O artigo segue justificando por que os atuais movimentos utilizam a carnavalização como tática, e toca em diversos pontos que eu ainda não tinha conseguido levantar com clareza: transformação da política a partir da sua "flexibilização", o contraste espetáculo-carnaval, o irreverente como causador de confusão e vice-versa (When people dressed as ballerinas, clowns, nurses, or Santa Claus confront police who are dressed like the villains of our worst nightmares, the sresult is inevitably hesitation and confusion) e o estranhamento com instituições de protesto tradicionais (sindicatos, partidos). A minha dúvida fica no final da grande citação acima. If only for a moment. Bakhtin teoriza a mesma coisa que o artigo do Notes From Nowhere fala (aliás, o artigo cita Bakhtin): que o carnaval é uma inversão do corriqueiro (as estruturas de dominação). Porém, essa inversão apenas serve para reforçar o corriqueiro, pois afirma-se como inversão e tem período definido. As coisas viram do avesso, fazem você pensar em como é o certo, e na quarta-feira todo mundo volta pro escritório. Os ativistas não querem, sem dúvida, uma transformação temporária. E aí que mora meu problema: a carnavalização, como tática, não funciona apenas como paliativo, como inversão temporária da estrutura, que não resulta em transformações permanentes? Sem dúvida que a carnavalização leva à reflexão, e talvez até mais nos nossos tempos, mas essa reflexão transforma-se em revoluções reais? posted by erico at 10:11 AM
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outubro 31, 2004"A atração exercida pelas proezas de rede técnica anda lado a lado com a idéia de obsolescência das formas anteriores de resistência social e uma outra que induz uma leitura errônea da história particular das redes sociais contemporâneas de alcance planetário. Assim como os artesãos da 'revolução nos assuntos militares' varrem do mapa estratégico do globo os conflitos da 'era agrária' ou da 'era industrial', a focalização tecnicista predispõe a fazer tábula rasa das modalidades de reivindicação características da era dita pré-informacional. Ora, na contestação contemporânea do projeto de ordem tecnoglobal, as formas de resistência anteriores misturam-se com formas inéditas, assim como ocorre, aliás, com as formas de exploração e opressão. Os movimentos de camponeses, de origem e formas de luta ancoradas em um lugar bem preciso - dos trabalhadores sem-terra no Brasil aos camponeses franceses protestando contra a 'carestia' - são uma das expressões, entre outras, do paciente trabalho de reformulação dos modos de resistência empreendidos desde o final dos anos 1970 em todo o mundo por múltiplas organizações cidadãs tanto no níveis local e nacional como no internacional. A real novidade é que sindicatos, associações e outros movimentos sociais que estavam em lutas que consideravam isoladas começaram a tomar consciência de que juntos eles constituíam um arquipélago planetário das resistências." Armand Mattelart, História da Sociedade da Informação, pp. 168-169. posted by erico at 05:10 PM
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outubro 29, 2004Consegui por meios escusos uma série de filmes relacionados (de alguma forma) à minha pesquisa. A maioria são documentários. Tem Manufacturing Consent, sobre a obra engajada do Noam Chomsky; The Corporation, documentário canadense que é, para todos os efeitos, uma continuação do Sem Logo; Outfoxed, sobre a sem-vergonhice da Fox News; e Control Room, com a recente guerra no Iraque do ponto de vista da Al Jazeera - da ilha de edição da Al Jazeera. Além disso, consegui o filme do Guy Debord La Société du Spectacle e peguei alguns episódios dos programas de TV do Michael Moore (bem como o melhor filme dele, The Big One). Ou seja: material difícil de achar (fora da Internet). Dava pra organizar um bom festival de cinema pirata. Só faltariam as legendas em português. Alguém se habilita a organizar? posted by erico at 10:03 AM
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outubro 28, 2004
Boa a discussão, que o título já aponta: é difícil ser sutil no Brasil... posted by erico at 07:07 PM
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outubro 23, 2004Chegaram Estamos Vencendo - resistência global no Brasil e We Are Everywhere - the irresistible rise of global anti-capitalism. Os assuntos são próximos, mas é óbvio que o segundo é alguns bilhões de vezes melhor. Mais comentários assim que eu conseguir lê-lo. posted by erico at 01:59 AM
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Já antes de entrar no mestrado eu tinha um preconceito com autores como Foucault, Bakhtin, Baudrillard, Peirce. Nada pessoal. A culpa não é deles, e sim dos leitores deles. Aquela gente que se prende a um só grande teórico, que fica dando voltas em torno do mesmo cara e que acha que o sentido do universo está em [insira nome da obra máxima de cada citado]. Entrando no mestrado, ainda descobri que isso se aplicava a mais autores: Verón, Bourdieu, Greimas... Bom, em algum momento eu teria que conhecê-los. Pois estou lendo Foucault e Bakhtin e, quem diria, gostando muito. Ok, nada da parte "pesada" da obra dos dois. Vigir e Punir e Microfísica do Poder, do Fucô, Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, do Bakhtin. Os primeiros para uma disciplina, o último porque é a referência sempre citada quando se fala em festa, carnavalização, riso e essas coisas - alguma hora vou ter que escrever sobre isso no trabalho (se é que ó trabalho não será só sobre isso). Juro que não vou virar discípulo deles. São só leituras acessórias para o trabalho. Mas, mesmo que não fossem, nada justifica agarrar-se a um autor como deus supremo. A moral da história (sim, isso é um episódio do He-Man) é que a velha regra 'conheça as regras antes de quebrá-las' continua válida. Ficar falando mal dessa gente sem lê-los não é ideologia, é preguiça. posted by erico at 01:48 AM
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outubro 07, 2004Finalmente li um texto que procuro há anos, Culture Jamming: Hacking, Slashing and Sniping in the Empire of Signs. É um ensaio de um professor/agitador cultural, Mark Dery, sobre, obviamente, culture jamming. É tipo um texto fundador, muito citado, sobre o assunto. E é velho, tem mais de 10 anos. Dery coleciona exemplos e faz uma análise não muito aprofundada do potencial político dos jammings. Era época em que o chique era falar da Internet, que ia virar todo o jogo. Ha. Mas ainda vale pelas referências. Achei o texto aqui. No mesmo site, há uma entrevista de Dery com o Critical Art Ensemble, que tem uma passagem que vai me dar páginas e páginas de análise na dissertação:
posted by erico at 07:37 PM
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setembro 23, 2004"A tendência a repudiar a mídia massiva talvez tenha até influenciado a elaboração de uma comunicação popular não tão atraente, que atribui um espaço e um valor muito reduzido ao entretenimento, ao lazer, às amenidades, ao humor e ao lúdico - às coisas do mundo do sonho, da fantasia, do divertimento e do afetivo, enfim, que integram o dia-a-dia e os anseios humanos e das massas. Às vezes ela até chega a levar em conta essas dimensões, mas não raro o faz de modo instrumentalizado: o horóscopo é adaptado para um discurso de caráter mobilizatório, por exemplo. Se os meios comunitários quiserem alcançar sucesso e se mostrar democráticos, terão que repensar essa prática e trabalhar com os valores culturais onde se inserem." Cicília Peruzzo, Comunicação nos Movimentos Populares, p. 132. posted by erico at 08:28 PM
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setembro 15, 2004Deve acontecer em toda pesquisa: na hora em que você já fechou toda sua bibliografia e todo seu corpus, aparece uma coisa lamentavelmente indispensável. Estamos Vencendo Deve ensejar algumas dezenas de matérias em jornais e revistas, mais livros sobre o mesmo tema e, é claro, mais dissertações. Que me alimentem, então. Viram a descrição? "O protesto hoje tem seu lado estético e bem-humorado". Putz, isso tá aqui embaixo, dois ou três posts atrás. posted by erico at 05:09 PM
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setembro 13, 2004Ontem assisti um filmezinho fantástico: The Big One, segundo documentário do hoje popstar Michael Moore. Mas não quero comentar a qualidade do filme, e sim o que ele me fez pensar. O documentário é sobre a turnê do lançamento do livro Downsize This!, de Moore. Ele passa por diversas cidadezinhas norte-americanas, escolhidas a dedo para representar o processo de downsizing - leia-se "vamos fechar essa fábrica aqui e abrir uma no México" - no setor industrial norte-americano. Em cada cidade, Moore e sua equipe invadem os halls das empresas, demandando um encontro com os presidentes das firmas e fazendo palhaçadas. Vendo com meus olhos - ou seja, tentando teorizar tudo -, tem uma coisa que fica evidente, e que eu estava tentando expressar faz tempo: há não muitos anos atrás, Moore levaria uma camaçada de pau dos seguranças, ou seria preso, ou, pior, morto pelo que faz. Isso inclusive acontece, atualmente, em vários países do mundo. Oras, acontece no Brasil. Acontece de nós estarmos vivendo numa era político-moral (noopolítica, diriam alguns - lembrete: estudar) em que é feio você usar violência, em que as tensões ficam contidas ou são resolvidas por meios, digamos, mais intelectuais. Phil Knight, CEO da Nike, pode ficar com vontade de dar um soco em Moore pelas coisas que este fala, ou mesmo de dirigir algumas palavras mais grosseiras ao gordão. Mas os tempos são outros, isso faria mal para a imagem da empresa, é melhor rebater as críticas de forma mais inteligente e politicamente correta... Sem contar que há uma câmera registrando tudo. Aliás, aí é que está o problema. Seja nos atos de Moore, nas manifestações a la batalha de Seattle, nas performances dos Yes Men ou do Reclaim the Streets, está em jogo o elemento da mídia. "Não nos repreenda, pois daremos um jeito de fazer as pessoas saberem - meu amigo ali está gravando tudo com uma câmera digital, e se você me acertar com o cassetete, essa imagem vai circular o mundo em segundos. Isso vai ser tema do website da minha ONG por meses, e provavelmente escreverei um livro sobre a experiência." Não é só o poder de divulgação das mídias que é importante, mas sim as lógicas das mesmas que acabam permeando todos esses atos. Por piores que sejam, as mídias contribuem para um ambiente mais democrático, de maior circulação de informação e busca de equilíbrio social. Maior transparência, que é uma palavra chave. A questão é: isso é resultado da influência das mídias sobre o social ou é resultado de outras forças da modernidade? A midiatização tem como um de seus aspectos (positivo ou negativo?) o abafamento de tensões como a do protesto político? Existe ou não um novo ambiente para manifestações, mais permissivo, contra o qual seus alvos ainda não souberam inventar defesa? Isso, no final das contas, é bom ou ruim? Pode não fazer sentido agora, mas vou dar um jeito de fazer. posted by erico at 12:34 AM
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setembro 11, 2004Meu orientador pediu, pela 564a. vez, que eu definisse o que deve ser meu trabalho. Tentei sintetizar, pela 2567a. vez, da forma mais clara que consigo, duas propostas: PROPOSTA 1 Problema: Identificar resultados da tensão entre ação social emancipatória e o processo de midiatização, buscando indícios desta tensão nas marcas do discurso produzido pelo ativismo social contemporâneo. Hipóteses: O ativismo contemporâneo é midiatizado, pois utiliza táticas, linguagens e lógicas de organização e comunicação que visam angariar maior visibilidade, entendimento de seus objetivos e eficácia. O ativismo se simplifica, se pacifica e se integra à sociedade informacional. O ato do protesto não precisa ser gente gritando palavras complicadas, mas sim uma brincadeira criativa. PROPOSTA 2 Problema: Identificar o componente lúdico-artístico como nova tática em parte do ativismo social contemporâneo. Buscar as razões de sua utilização. Problematizar: o lúdico, a irreverência e o humor podem ser políticos? Hipóteses: A linguagem lúdico-artística no ativismo é um resultado do processo de midiatização - a brincadeira e a irreverência são linguagens, hoje, midiáticas. E sim, o lúdico é político: lida com relações de poder, mesmo que as satirize. O que eu quero mesmo saber: O objetivo do novo ativismo é fazer seu público-alvo entender que “fazer política” não corresponde apenas a editar leis, a reuniões de engravatados na Suíça ou ao mero ato do voto, mas sim ao ato de você mesmo mobilizar-se (utilizando os recursos que tiver, e ainda divertindo-se com isso) para mudar seu espaço. Ou seja, a tática lúdico-artística busca difundir um novo tipo de pragmatismo político “vindo de baixo”. Alguém tem comentários? posted by erico at 10:12 PM
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Saíram minhas notas do primeiro semestre (com um grande atraso). Fundamentos Teóricos da Comunicação - 9,2 Importante: pouca gente ficou abaixo da nota 9 em todas as matérias. O sistema de notas não pode ser comparado ao da graduação. Por exemplo: pela quantidade de críticas anotadas, eu devia ter ficado com nota 4 ou 5 no trabalho de Mídia e Sociedade. Mas o sistema e a mentalidade são diferentes. As notas também seguiram uma regra básica: foram mais altas nas matérias que gostei mais, ou que tiveram um trabalho final mais empolgante. Sinal de que dedicação e vontade contam pontos no curso - o que parece um fator irracional, mas que não pode ser deixado de lado (e foi, inclusive, tema de uma aula de Seminários de Pesquisa). posted by erico at 10:06 PM
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setembro 04, 2004Livro da semana: We The Media - grassroots journalism by the people, for the people, Dan Gillmor. Disponível online em PDF. Gillmor é um jornalista americano no Vale do Sicílio, e se diz um dos pioneiros em misturar jornalismo com blogs. Seu livro é justamente uma exploração de exemplos práticos dessa relação entre novas tecnologias como blogs, RSS, sistemas wiki e outros com a prática jornalística. Mais importante: com o jornalismo "vindo de baixo" - gente que está utilizando estas novas ferramentas para ser um repórter, um comunicador de ponta nas suas comunidades, com resultados interessantes. Não é o que eu esperava. O livro parece ter sido escrito com pressa. Falta discussão, falta um olhar mais profundo sobre o fenômeno. Ok, não é um livro teórico, mas os livros do Howard Rheingold encaixam-se no mesmo gênero e trazem análises muito mais inteligentes. Aliás, Smart Mobs (de Rheingold) é milhões de vezes mais interessante e tem vários pontos em comum com We The Media. Irrita também a postura do Gillmor. Deixa nas entrelinhas que é um pensador de direita (e da direita perigosa), várias vezes dá toques tipo "eu sou jornalista", "eu sei o que está acontecendo", "isso vai dar nisso porque eu sei que vai" e ainda passa longe do que eu estava procurando: mídia radical, apropriação de novas tecnologias pelo ativismo, protesto criativo na cibercultura. A presença de qualquer um desses termos faria um grande bem ao trabalho. posted by erico at 01:21 AM
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Intercom. Trabalho apresentado, comentários recebidos, bons contatos estabelecidos. Não foi uma apresentação tão traumática quanto a de Salvador, dois anos atrás. Recebi comentários interessantes, mesmo que poucos, do relator Francisco Pimenta (professor da UFJF). O público presente (umas 20 pessoas) também trouxe idéias boas. Tanto eles quanto o relator estavam tentando me empurrar para esquecer essa preocupação com esvaziamento de sentido prático, com falta de atuação concreta, nos movimentos que analiso. Mas não conseguiram tirar essa incomodação da minha cabeça. Assisti alguns trabalhos muito interessantes no meu Núcleo de Pesquisa (NP 12 - Comunicação para a Cidadania). Primeiro o da Renata Dias, com quem compartilho o orientador, que no primeiro semestre me deu um susto apresentando uma proposta em muitos pontos igual a minha e - diabos - já mais desenvolvida (ela já está acabando o mestrado, afinal). O foco dela está nos movimentos de resistência global, e a relação que estes criam com a mídia. Em seguida, o do já citado prof. Francisco Pimenta, co-escrito com Letícia Soares, sobre o EuroMayDay 2004. O texto é fantástico, me encheu de links, referências e idéias para o trabalho. A abordagem semiótica não é minha praia, mesmo que tenha ficado mais clara e parecido mais interessante na própria apresentação. Nota mental: encher o saco dos dois autores, manter uma troca de idéias, referências, discussões. Assisti também uma manhã do núcleo de Tecnologias da Informação e da Comunicação. Conheci o professor Henrique Antoun, que aqui já ganha a segunda de várias de citações neste blog. Mas o trabalho mais interessante, do meu ponto de vista, foi de Fabio Luiz Malini de Lima. Primeiro porque comecei a me inteirar melhor dos conceitos do Antonio Negri, especialmente o de "trabalho imaterial", e segundo porque o autor, da UFRJ, criou um link muito legal entre Negri e o ativismo da cibercultura. Outra pessoa com quem deveria trocar mais idéias. No mais, congresso corrido, sem tempo pra ver o trabalho dos amigos e conhecidos (desculpem, Adriane, Elisa, Raquel, Tela, Fabrício etc.), uma imensa variedade de apresentações chatas, o pessoal da graduação com seus cabelos e roupas estranhas, poucos (e caros) livros nos estandes e, várias vezes, aquela pergunta que incomoda: é nesse mundinho acadêmico-sacana que eu quero entrar? Mais sobre isso outra hora, pois o post já tá gigante. posted by erico at 01:06 AM
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agosto 30, 2004Um dos livros da semana foi The Zapatista 'Social Netwar' in Mexico, de David Ronfeldt, John Arquilla, Graham Fuller e Melissa Fuller. Já é o terceiro livrinho da dupla Arquilla+Ronfeldt que leio. Descobri os dois através dos artigos do Henrique Antoun. São pesquisadores da Rand Corporation que desenvolvem, repetidamente a cada livro, a idéia das guerras em rede, de organizações "do bem e do mal" que funcionam em rede e - o fim da pesquisa deles é isso, afinal - o que isso interessa para as forças armadas e para a política dos EUA. The Zapatista Social Netwar é até agora o melhor relato, mesmo que incompleto (só vai até 96), da insurgência do Exército Zapatista. Com fontes na área militar mexicana, eles conseguem traçar o que criou o EZLN, como foram os principais pontos da guerra que este travou contra as forças armadas mexicanas em 94 e por que ele é tão importante nesse panorama da guerra em rede. É boa também a atenção dada à configuração da rede mundial de ajuda aos zapatistas, através da Internet. É esse ponto, aliás, que cria a relação do EZLN com a guerra em rede. Arquilla e Ronfeldt tentam demonstrar ao longo do texto que, não fosse essa idéia salvadora da busca por auxílio na web, o grupo não passaria de mais uma força revolucionária guerrilheira de organização hierárquica banal como as que sempre pipocam na América Latina. Bom ver um ponto de vista contrário sobre os zapatistas. Certamente vai ser citado. posted by erico at 12:16 AM
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agosto 29, 2004Na Folha de hoje, há um perfil interessante do Antonio Negri, co-escritor (com Michael Hardt) de Império e Multitude. A versão original do artigo está aqui. Graças a sua floresta de prosa sociológica insuportavelmente densa, o livro ganhou a reputação de ser uma espécie de "Finnegan's Wake" da literatura política -um livro muito comprado, mas cuja leitura dificilmente é concluída. Bom saber que alguém se sente como eu. Mesmo que eu tenha sido teimoso e lido até o final. Enquanto isso, ainda no início da minha leitura de Combates e Utopias, o artigo do Atílio Boron também cai em cima do Negri por este dizer que não houve qualquer revolução política de nota no século XX após a russa. Coisa que o perfil citado ali em cima também faz, de certa forma. posted by erico at 06:47 PM
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agosto 25, 2004Mais algumas coisas sobre eu e o mestrado: - Sou bolsista do CNPq. - Cursei cinco disciplinas no primeiro semestre: Neste segundo semestre, peguei mais 4. - O curso exige que cada aluno faça um mínimo de 8 disciplinas (3 créditos cada) e tenha mais 3 créditos de apresentação de trabalhos em congresso, participação em seminários etc. posted by erico at 08:50 PM
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Olhe aí à esquerda. Em "TRABS", vou deixar alguns dos trabalhos relacionados ao tema da pesquisa, desde minha proposta para ingresso no mestrado até as monografias finais de cada disciplina. Em "BIBLIO", vou tentar atualizar constantemente as coisas que já li e que estão na lista de leitura. Pretendo comentar bastante cada livro ou artigo interessante que leio. Nem preciso dizer que você deve fazer sugestões sempre que puder. Juro que em breve vou colocar o que devia estar em "ATIVISMO". Quero organizar tudo direitinho antes. posted by erico at 08:42 PM
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Olá. Meu nome é Érico Gonçalves de Assis. Sou mestrando em Ciências da Comunicação, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em São Leopoldo-RS. O tema do meu projeto de pesquisa é a utilização de novas táticas de manifestação e protesto no ativismo social. O problema de pesquisa mesmo é mostrar como essas novas táticas são resultado do processo de midiatização... ou algo assim. Você não precisa gravar isso - pode apostar que uma vez por semana vou postar aqui que mudei de idéia. O blog é justamente pra isso - fazer um acompanhamento, um diário de bordo (sendo que o comandante não sabe onde fica o leme), um relato do que vai ser essa pesquisa. Vai ficar ainda mais interessante se servir para eu receber comentários, críticas, sugestões, discussões e essas coisas. Portanto, pesquise junto comigo. Estou a recém no segundo semestre do curso. A defesa da dissertação deve ocorrer só no final de 2005. Então, seja bem-vindo, puxe uma cadeira, faça suas perguntas e responda às minhas. Temos um ano e meio pra ficar trocando idéias. posted by erico at 08:35 PM
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